Mais de 180 professores e profissionais da educação morreram de Covid-19 em MT

Em Mato Grosso, o vírus da Covid-19 matou cerca de 180 professores e profissionais da educação desde que a pandemia registrou o seu primeiro caso no Brasil. O número consta de levantamento feito pelo Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público de Mato Grosso (Sintep-MT) e, ao mesmo tempo, revela as dificuldades que o setor teve que enfrentar durante o período de emergência, onde muitos perderam seus empregos.

De acordo com o Sintep-MT, 180 foi o número de mortes registradas oficialmente pela organização. Entre eles, estão professores e profissionais da educação. Os registros, porém, podem ser maiores porque outros óbitos podem não ter sido notificados, conforme relata o Sintep. 

Para Gilmar Soares, secretário de Comunicação do Sintep-MT e dirigente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação, a morte dos colegas aconteceu em meio a um cenário de desafios e dificuldades, que foram e vêm sendo enfrentados pelos profissionais da educação. 

“A nível do Estado, tão logo a pandemia se instalou, a primeira iniciativa que nós tomamos foi notificar o Governo do Estado do ponto de vista da suspensão das atividades imediatas e cobrar diretamente a questão da vacinação”, relembra o dirigente. “Nós sempre entendemos que a vacinação é que seria a condição mais segura de voltar para a escola, tanto os profissionais da educação quanto os alunos”.

Dificuldades impostas

Durante a pandemia, Gilmar ressaltou que uma das lutas do Sintep-MT foi a tentativa de garantir a manutenção dos contratos temporários de escolas, ainda em greve no começo da pandemia. Muitas unidades escolares ainda não haviam iniciado o período letivo, naquela época, devido a paralisação que teve início em 2019. O movimento reivindicava o pagamento da revisão geral anual (RGA) e o cumprimento da lei 510/2013, que previa o aumento dos salários além da inflação para dobrar o poder de compra dos educadores até 2024.

“Nós lutamos para que o Governo do Estado assegurasse o contrato das pessoas que ficaram sem aulas, os professores, os funcionários de escolas sem contrato, sem aula. Nós tivemos uma luta na Assembleia Legislativa para que o Governo do Estado pudesse garantir pelo menos uma contratação mínima, mas o Governo simplesmente foi desumano, insensível e obrigou as pessoas a ter que pedir cesta básica”, relata Gilmar.  

Nesse período, aqueles profissionais que tiveram o contrato suspenso recorreram a ajuda do Sintep-MT e até mesmo de colegas da escola onde atuavam. O sindicato, por exemplo, instaurou uma campanha de solidariedade para a arrecadação de alimentos. Para exemplificar o cenário, a rede estadual tinha sete mil professores interinos/contratados, destes 2.500 ficaram sem nenhuma fonte de renda durante a pandemia, conforme relatou o sindicato.